Pe. Fábio de Melo
Dor é um acontecimento sem datas. Prolonga-se no tempo e contraria todas as regras dos argumentos . Eu não sei o que dói. Eu não sei quando começou doer. O que sei é que a dor é a identificação mais profunda da condição humana. Dela é que nasce a expressão do cuidado. A dor sinaliza que algo precisa ser curado, que algo carece de presença, olhar atento e esforço redobrado. Dores são diversas. São físicas, emocionais, psíquicas. Dores de toda hora, de vez em quando, ao cair da tarde, com o chegar das primeiras estrelas ou com os primeiros raios de sol. Dores não conhecem o tempo. Chegam quando querem. Elas se acomodam nos cantos da alma, nos centros das carnes e ficam. Os que já sofreram muitas dores aprenderam a lidar com elas...
Elas amadurecem.
Meu amigo padre Leo tem experimentado muitas delas. Eu o vi travando uma luta ferrenha com essas visitantes estranhas. Os olhos brilhavam um pouco mais. O sorriso que lhe é tão próprio não se desfez em nenhum momento, mas apenas cedeu lugar para uma forma mais sublime de sorrir... Era a dor chegando com sua lousa e giz, pronta pra ensinar... Ele tem sabido aprender. Tenho orgulho do meu amigo e sei, que mais cedo ou mais tarde, eu receberei as lições desse aprendizado. Tenho sofrido com ele, mas de longe. Não posso ficar ao lado. Eu experimento a dor à distância. Experimento a dor que tem sido minha, e que de alguma forma é a dele também. Dores criam esquinas inesperadas.
Hoje escrevi um email para um grande amigo. Ao responder-me o email, o meu texto veio junto da resposta. Li novamente o que eu havia escrito, e de repente uma pequena alegria me atingiu...
Transcrevo-o.
Meu amigo,
É quase uma tristeza. É um jeito de querer o que não tem nome, é uma posse antecipada do que ainda não é real. Eu não sei. E não saber faz com que a dor se misture numa outra porção de sentimento, tornando o momento ainda mais instigante.
Acho que sofro por não saber. Acho que sofro por saber o que não quero saber. Estranho, não é mesmo? Querer é tão doido! Querer e não saber o que se quer. O medo, este companheiro de toda hora aguça o meu contentamento, suturado às minhas alegrias como se fosse adendo na constituição do todo. Hoje eu acho que queria um colo de mãe. Talvez seja isso. Chorar mansinho pelas mesmas causas que as crianças. Chorar sem culpa, sem explicações. Voltar a ser menino e pedir que os outros decidam por mim o que me fará bem. Eu não quero muito nesse dia, meu amigo. Queria apenas um amanhecer sem os ruídos da maturidade. Um colo de mulher, um cheiro de infância, um quadro na parede e uma fala serena dizendo-me: o almoço já está quase pronto, meu filho!
Só isso.
Neste dia em que não sabemos dar nome ao que nos faz sofrer, soframos abraçados aos que nos amam de verdade.
Elas amadurecem.
Meu amigo padre Leo tem experimentado muitas delas. Eu o vi travando uma luta ferrenha com essas visitantes estranhas. Os olhos brilhavam um pouco mais. O sorriso que lhe é tão próprio não se desfez em nenhum momento, mas apenas cedeu lugar para uma forma mais sublime de sorrir... Era a dor chegando com sua lousa e giz, pronta pra ensinar... Ele tem sabido aprender. Tenho orgulho do meu amigo e sei, que mais cedo ou mais tarde, eu receberei as lições desse aprendizado. Tenho sofrido com ele, mas de longe. Não posso ficar ao lado. Eu experimento a dor à distância. Experimento a dor que tem sido minha, e que de alguma forma é a dele também. Dores criam esquinas inesperadas.
Hoje escrevi um email para um grande amigo. Ao responder-me o email, o meu texto veio junto da resposta. Li novamente o que eu havia escrito, e de repente uma pequena alegria me atingiu...
Transcrevo-o.
Meu amigo,
É quase uma tristeza. É um jeito de querer o que não tem nome, é uma posse antecipada do que ainda não é real. Eu não sei. E não saber faz com que a dor se misture numa outra porção de sentimento, tornando o momento ainda mais instigante.
Acho que sofro por não saber. Acho que sofro por saber o que não quero saber. Estranho, não é mesmo? Querer é tão doido! Querer e não saber o que se quer. O medo, este companheiro de toda hora aguça o meu contentamento, suturado às minhas alegrias como se fosse adendo na constituição do todo. Hoje eu acho que queria um colo de mãe. Talvez seja isso. Chorar mansinho pelas mesmas causas que as crianças. Chorar sem culpa, sem explicações. Voltar a ser menino e pedir que os outros decidam por mim o que me fará bem. Eu não quero muito nesse dia, meu amigo. Queria apenas um amanhecer sem os ruídos da maturidade. Um colo de mulher, um cheiro de infância, um quadro na parede e uma fala serena dizendo-me: o almoço já está quase pronto, meu filho!
Só isso.
Neste dia em que não sabemos dar nome ao que nos faz sofrer, soframos abraçados aos que nos amam de verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário