segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Minha Alma Tem

"Minha alma tem
o peso da luz.
Tem o peso
da música,
Tem o peso da
palavra nunca
dita, prestes quem sabe a ser dita Tem o peso de uma lembrança, tem
o peso de uma saudade
Tem o peso de um olhar.
Pesa como
pesa uma
ausência
E a lágrima
que não se
chorou tem
o imaterial
peso de um
solidão no meio de outros."

Clarice Lispector

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Balada do Amor que não Veio

Se acaso penso em ti, me inquieta o pensamento...
Por que havias de vir assim tarde demais?
Bem que eu tinha de há muito um cruel pressentimento,
- e há sempre um desespero em nós, se num momento
desejamos voltar a vida para trás...

Neste instante imagino o que teria sido
o meu vago destino desorientado,
se antes, eu já te houvesse um dia conhecido,
e esse tempo, meu Deus!... - e esse tempo perdido
pudesse ao teu convívio ter aproveitado!

Não há nada entre nós, nada... e em verdade há a vida
que nos chama e nos prende!.. . E já agora imagino
que aqui estás ao meu lado a ouvir-me comovida
e me entregas a mão, - e entrego-te vencida
a minha alma, - e com ela todo o meu destino!

Não há nada entre nós, - mas se nos encontramos
ouvirás de hoje em diante um poema onde tu fores,
- trouxemos o destino estranho de dois ramos,
separados, - que importa? ainda assim nos juntamos
confundindo as ramagens, misturando as flores. . .

E eu nem te vi direito! Um olhar sob um véu,
(há qualquer coisa estranha num olhar velado...)
- um olhar, - não direi que em teu olhar há um céu,
quando sei que afinal há tanta angústia e fel
em tudo o que me tens da vida revelado!

Acompanhei-te o vulto um segundo, alguns passos,
nada mais, e no entanto, se quiser pensar
sou capaz de te ver, (há gestos nos espaços,
e guardei a visão dos teus braços, - teus braços
guardei-os, como dois clarões dentro do olhar!)

E devem ser macias tuas mãos, - não ouso
pensar no que elas guardem nos seus finos dedos,
- pensando em tuas mãos, penso em sombra, em repouso,
num lugar quieto e bom, e num vento amoroso
a soprar entre as folhas múrmuros segredos. . .

Mas... que saibas perdoar estas coisas que escrevo,
pensei-as a escutar distante a tua voz,
e há algumas coisas mais, que a dizer não me atrevo,
é que escrevo demais, e não posso, e não devo,
e não tenho o direito de falar em nós ...

JG de Araujo Jorge

SÚPLICA


Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.

O meu colo é arminho imaculado
Duma brancura casta que entontece;
Tua linda cabeça loira e bela
Deita em meu colo, deita e adormece!

Tenho um manto real de negras trevas
Feito de fios brilhantes d'astros belos
Pisa o manto real de negras trevas
Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!

Os meus braços são brancos como o linho
Quando os cerro de leve, docemente...
Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te
Nessa cadeia assim etermamente! ...

Vem para mim, amor... Ai não desprezes
A minha adoração de escrava louca!
Só te peço que deixes exalar
Meu último suspiro na tua boca!...

Florbela Espanca

Me gustaria...

Gian Franco Pagliaro - me gustaria




Me gustaría gritarlo...
A los cuatro vientos,
por los siete mares,
por los cinco continentes,
Cuánto te amo.
Quisiera contarle
al primero que pasa,
lo que me está pasando,
lo que siento por ti.
Me gustaría escribirlo
en la corteza de los árboles,
en los muros de los edificios,
en las veredas de las ciudades
más transitadas,
en el viento, en el agua,
en el aire húmedo de la noche,


En los vidrios empañados
de los autos,
en las mesas de los bares.
en los pizarrones
de todas las escuelas,
en los cuadernos de los alumnos.
Me gustaría publicarlo
en los diarios,
difundirlo por la radio,
publicitarlo en la televisión,
en los afiches,
en los folletos turísticos,
en las marquesinas
de todos los teatros,
y de todos los cines.


Quisiera que el mundo
entero supiese
cuánto te amo.
Tanto amor
no puede ser anónimo,
tiene nombre y apellido,
tiene cosas que decir,
y canciones que cantar,
no se merece
vivir a la sombra,
amarse en silencio,
viajar de polizón.
Este amor escondido
algún día saldrá
a la luz del día
y ese día, amor mío...
Todas las mañanas
serán tuyas,
te lo prometo y te lo firmo,
confía en mí, amante mío.
Y te llevaré por los caminos
como una bandera al viento.
Pero ahora no... No puedo,
tengo miedo...
Y tú sabes por qué.


Gian Franco Pagliaro
Tela Renê Magritte

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de Domingo divertia-se toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de Domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é o que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanha serei finalmente o que hoje não posso nunca
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã..
O porvir...
Sim, o porvir...
Fernando Pessoa

QUANDO OS AMANTES DORMEM


Quando as pessoas se amam e
querem se amar, selam um pacto:
dormir juntas.

E quando se fala "dormir juntos" o
sentido é duplo:

Significa primeiro amar acordado
em plena vigília da carne, mas,
depois, na lassidão do pós-gozo,
deixar os corpos lado a lado,
à deriva, dormindo, talvez.

Na verdade, os amantes, quando
são amantes mesmo, mesmo
enquanto dormem se amam.

Agora ouço esses versos de Aragón
cantados por Ferrat:

"Durante o tempo que você quiser
Nós dormiremos juntos".

E penso. É um projeto de vida, dormir juntos, continuamente.

A mesma ambigüidade: dormir/amar
juntos, dormir/acordar juntos, ou
então, dormir/morrer de amor juntos.

Deve ser por causa disto que os franceses chamam o orgasmo de "pequena morte".

Deve ser por isto que os amantes julgam poder continuar amando mesmo
através da morte, como Inês
de Castro e D. Pedro, que foram
sepultados um diante do outro, para
que no dia do reencontro um
seja o primeiro que o outro veja.

Amor: um projeto de vida, um projeto
de morte.

Se numa noite dessas o vento da insônia soprar em suas frestas, repare no
corpo dormindo despojado ao seu lado.

Ver o outro dormir é negócio de muita responsabilidade.

Mais que ver as águas de um rio
represado gerando uma usina de sonhos,
é ver uma semente na noite pedindo um guardião.

Pode ser banal, mas é isto: amar é ser
o guardião do sonho alheio.

Os surrealistas diziam: o poeta enquanto dorme trabalha.

Pois os amantes enquanto dormem,
se amam.

Se amam inconscientemente, quando
seus desejos enlaçam raízes e seivas.

O pé de um toca o pé do outro, a mão espalmada corre sobre o lençol e toca
o corpo alheio e, dormindo,
se abraçam animados.

Quando isso ocorre, pode ter vários significados.

Talvez um tenha lançado um apelo
silencioso ao outro:

"Ajude-me a atravessar esse sonho",
ou:

"Venha, sonhe esse sonho comigo,
é bonito demais".

E o outro, às vezes, sem se mexer,
parte em seu socorro.

É que certos sonhos, sobretudo os de
quem ama, não cabem num só corpo.

Transbordam os poros da noite e
pedem cumplicidade.

E se há um pesadelo, aí um se agarra
ao tronco do outro na crispação
do instante, e o corpo do parceiro é
bóia na escuridão.

Por isto, no ritual do casamento,
quando o sacerdote indaga se os que
se amam sabem que terão que se
socorrer na saúde e na doença, na
opulência e na miséria etc...

Deveria se inserir um tópico a mais
e advertir:

... Amar é ser cúmplice do sonho alheio.

Passar a metade da vida dormindo a
o lado do outro.

Há pessoas que vivem 25 anos -
bodas de prata,

50 anos - bodas de ouro, 75 anos -
bodas de diamante;

Ao lado do outro, e não sabem com
que o outro sonha.

E há quem passe uma tarde, uma
noite ou uma temporada ao lado de
um corpo e sabe seus sonhos
para sempre.

Engana-se quem escuta o silêncio
no quarto dos que amam.

Estranhos rumores percorrem o
sonho alheio.

Não é o rugir do tigre pelas brenhas.

Não é o bater das ondas na enseada.

Nem os pássaros perfurando
a madrugada.

São os sonhos dos amantes em plena elaboração.

E se numa noite dessas o vento da
insônia de novo soprar em suas
frestas, olhe pela janela os muitos apartamentos onde pulsam dormindo
os amorosos.

Quando se compra um apartamento
novo, nas alturas, alguns compram
lunetas e ficam vasculhando a vida
alheia.

Mas para ouvir o ruído dos sonhos
basta abrir os ouvidos na escuridão.

Os sonhos pulsam na madrugada.

Era uma vez um chinês que toda vez
que sonhava com sua amada
acordava perfumado.

Deve ser por isso que, ainda hoje,
o quarto dos amantes amanhece
com um perfume de almíscar, lavanda
e alfazema.

E é comum achar troféus dos sonhos
ao pé da cama de quem ama.

Quando se abre a pálpebra do dia,
aí pode-se ver um unicórnio de ouro
e uma coroas de rubis.

À noite os sonhos dos amantes
se cristalizam e de dia se liqüefazem
em beijos e lágrimas.

Quem ama diz boa-noite como quem abre/fecha a porta de um jardim.

Não apenas como quem viaja, mas
como quem vai para a colheita.

Quando se ama, acontece de um
habitar o sonho do outro,
e fecundá-lo.


Affonso Romano de Sant'ana

MEDITAÇÃO

Alma cansada de chorar, cansada
De sofrer nas agruras do caminho,
Há quem te veja no Celeste Ninho
Os tristes pesadelos da jornada...

Se além da noite brilha a madrugada,
Resplende, além do túmulo escarninho,
Nova aurora de paz e de carinho
Para a glória da vida torturada.

Não te detenhas, sob a ventania.
Vence o pavor da senda escura e fria,
Guardando o bem por arma em teus combates...

Segue buscando o Amor do Eterno Amigo
E encontrarás a Luz do Céu contigo
Nas aflições dos últimos resgates.


Auta de Souza
Enviada por e-mail pela amiga Vitoria

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Padre Fábio de Melo canta Voltei pra Perguntar

Fábio de Melo - Voltei pra perguntar




Composição: Fábio de Melo

O que deixo, o que marco em sua vida
Quando eu passo por você?
O que os meus olhos confessam
Quando encontram com os seus?
Se eu deixo uma saudade boa pra lembrar
O que fica de mim?

Eu pergunto se valeu a pena
Ter deixado eu ir além
Ter entrado aí na sua casa
Dividindo o que é seu
Essa vida vai muito depressa
E é bom saber
O que deixei de mim?

Pode ser que nesta vida
Eu não possa mais voltar
Para amar quem não amei
Consertar o que estraguei

O perdão que eu não pedi
A solidão que eu não desfiz
O sorriso que neguei
E aquele esforço que eu não fiz

Eu sei que o tempo vai passar
As pessoas vão e vêm
Mas sei que algumas vão ficar
Pelo mal ou pelo bem
Não morrerá quem soube amar
E que seja sempre assim
Que eu deixe só o bem que existe em mim

Se com você não consegui
Eu voltei, quem sabe assim
A gente possa se olhar
Como quem nunca se viu
E no perdão recomeçar...
Pra depois se reconhecer
Minha vida é bem melhor por ter você

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Coisas que a vida ensina depois dos 40

Amor não se implora, não se pede, não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra, que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...


Artur da Távola
Texto enviado por e-mail pela amiga Eline

AMOR É SÍNTESE


Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.


Mário Quintana

HISTORINHA DE AMOR PRA GENTE GRANDE


Contam os anjos que às vezes me inspiram que um pouquinho antes de materializar o seu plano de criação da vida humana e se derramar no coração de todas as coisas da Terra, o Senhor Deus Todo Poderoso resolveu repassá-lo, ponto a ponto, pela última vez. E, ao terminar o trabalho, sentiu, bastante surpreso, que ainda parecia estar faltando um detalhe sem nome nem rosto em sua grandiosa obra. Algo que não havia sido contemplado por nenhum dos incontáveis milagres com os quais dotaria o homem e o ambiente que preparava para acolhê-lo e supri-lo em sua jornada evolutiva.

Como um poeta que ao findar um poema é tocado pela vibração de uma palavra que não foi dita sem conseguir visualizar-lhe as feições, o Senhor Deus intuiu a ausência de uma dádiva no buquê de luzes que ofertaria ao homem para perfumar sua caminhada heróica, que trilharia até tornar-se um mestre das coisas que não passam e reunir-se a Ele numa só consciência criadora.

O Senhor Deus não sabia que doçura era aquela que reclamava sua amorosa atenção, mas pressentia que se tratava de algo imprescindível. De alguma graça que deixaria uma lacuna em branco em cada história humana, caso não existisse. De mais um dos presentes que bordaria em cada vida com os fios da delicadeza que utilizaria em tudo o que planejava ser forte. Mas o que poderia ser, Ele se perguntava, além das outras tantas ternuras que já havia previsto bordar?

E o Senhor Deus pensou, pensou, pensou. Relembrou cada detalhe, cada etapa, cada riqueza, pacientemente, com todo o zelo de seu coração criador. Reuniu-se com os mestres que o assessoravam no Plano. Trocou idéias. Ouviu, atento, as sugestões e observações que surgiram. Mas nada do que pensava e ouvia atendia à sua expectativa e se aproximava da resposta que buscava desde que aquela intuição lhe visitara. Que traço, afinal, poderia ainda criar para compor o conjunto das bençãos que desenharia na Terra? Que beleza era aquela que murmurava em seu ouvido sem revelar-lhe o rosto?

Contam que, como era costumeiro, numa certa manhã o Senhor Deus Todo Poderoso estava distraído no jardim de sua casa, cuidando amorosamente de suas plantas, quando um anjo, muito belo, muito jovem, banhado de luz azul, aproximou-se Dele para transmitir-lhe uma mensagem de um de seus arcanjos, Miguel, o príncipe celeste que comandava seu exército de luz. E que foi no exato instante em que olhou para aquele anjo que o Senhor Deus descobriu o que ainda faltava em seu plano: anjos que o homem pudesse ver, exatamente como Ele podia ver aquele.

O plano do Senhor Deus previa que seria escolhido para cada pessoa, a partir do momento alquímico de sua concepção, um anjo que iria acompanhá-la em toda a sua trajetória humana, até que devolvesse à Terra a roupa de carne que lhe havia sido emprestada. E, embora se tratasse de um leal companheiro, que iria fortalecê-la, protegê-la e inspirar-lhe, e lhe fosse possível falar com ele e ouvi-lo, em seu coração, o ser humano não poderia vê-lo, a não ser que em algum instante experimentasse um amor tão intenso que conseguisse penetrar na freqüência luminosa onde os anjos moram.


Para o homem, pensava o Senhor Deus, por mais grandiosa que fosse, aquela dádiva não bastaria. Ele sabia que o ser humano teria dificuldade para lidar com as coisas que chamaria de invisíveis. Que se atrapalharia com tudo o que não pudesse ser tocado com algum dos cinco sentidos que, equivocadamente, acreditaria serem os únicos que possuía.

O homem precisaria também de anjos que fossem visíveis. Feitos da mesma matéria que ele. Com os quais pudesse brincar com os brinquedos humanos. Crescer junto, aprendendo, ensinando, trocando. Que os olhassem nos olhos e o encorajassem ao próximo passo às vezes sem uma única palavra sequer. Com os quais pudesse compartilhar os sabores, os sons, as visões, as falas e as texturas das coisas da Terra e sonhar com as coisas do céu. Que estivessem ao seu lado nos dias de sol e também lhe estendessem a mão para atravessar com ele o tempo em que as noites se fariam tão escuras que ele começaria a duvidar do amanhecer.

Sim, continuava a pensar o Senhor Deus, o homem precisaria de anjos visíveis que tivessem em sua vida a mesma bela tarefa do anjo que não podia ver. Anjos que permanecessem em seu caminho quando tudo parecesse ter ido embora. Que acreditassem nele até quando ele próprio se esquecesse quem era. Que quando o cansaço lhe visitasse e os apelos da sombra o convidassem a desistir, desembainhassem a própria espada para lembrar-lhe de que era também um guerreiro. Que emanassem para ele um bem-querer tão puro que fosse capaz de perfumar até o que ainda lhe doesse. Com os quais pudesse rir e chorar, e, sobretudo, ter a liberdade de ser.

O homem precisaria, sim, de anjos visíveis com sangue nas veias. Que tivessem dor de barriga, mau humor, contas pra pagar, unha encravada, medo, dente de siso para extrair, angústia, raiva, baixo astral, e toda uma séria de chatices humanas que os anjos invisíveis respeitam, mas não experimentam. Com os quais pudesse jogar conversa fora. Torcer por um time. Cantar desafinado. Caminhar na praia. Trocar um abraço. Empanturrar-se de risada e bobó de camarão num domingo grande. Que espelhassem para ele sua porção humana e sua porção divina e lhes fizessem parceria no contínuo exercício de integrá-las durante a viagem. Que pudessem servir de canais para os toques, os puxões de orelha e os carinhos do seu próprio anjo guardião, que, sem fazer ruído algum, trabalharia em sintonia com eles o tempo todo.


E depois de dividir com aquele anjo inspirador as feições de sua descoberta, contam que o Senhor Deus Todo Poderoso lhe perguntou o seu nome, pois seria com ele que, em gratidão, chamaria o anjo visível que cada pessoa encontraria na Terra.

E o anjo que inspirou o Senhor Deus, maravilhado com sua bondade, revelou-lhe o seu nome:

- Amigo.

*

Ana Jácomo

Esse texto foi publicado no livro "Parto de Mim", lançado em 2001.

Almas perfumadas

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.


Ana Cláudia Saldanha Jácomo

(Em homenagem a sua avó Edith)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

NÃO DESISTA NUNCA






Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem vai acreditar?
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe.
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e esta convicção fizer parte integrante do processo.
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um rio.
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra.
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá.
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para traz.
Estoura a sua ponte.
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça.
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio da ponte.
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão... eu também não.
Realmente não é simples.
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos desaparecerão.
É só não se desesperar.
Seja no mínimo um pouco paciente.
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são:
ESTOURAR A PONTE ANTES DE ATRAVESSÁ-LA Você começou a sonhar... sonhar... sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de algo melhor.
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e competências o realize.
Pergunto, vale a pena insistir?
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho, estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para outros sonhos! ESTOURAR A PONTE NO MOMENTO DE ATRAVESSÁ-LA Acredito que tenha ficado claro, mas cabe o reforço.
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja, a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum. Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores.
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem destino.
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar...
ESTOURAR A PONTE DEPOIS DE ATRAVESSÁ-LA.
No início comentei sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma sorte.
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é sucesso.
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer o que gosta.
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores, onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e não desfrutar daquilo que realmente deseja.
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e encontraram os objetivos do outro lado.
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não, enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização.

A visão sem ação, não passa de um sonho.
A ação sem visão é só um passatempo.
A visão com ação pode mudar o mundo.

Martha Medeiros

A Voz Do Silêncio

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem


Martha Medeiros
Imagem allposters.com

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.


Martha Medeiros

Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.


Martha Medeiros

Imagem allposters.com

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

CARISMA

substantivo masculino (grego - khárisma) (latim - charisma) = favor, graça

Teologia
1 - Dom da graça de Deus.
2 - Dons e talentos de cada cristão para o desempenho de sua missão dentro da Igreja.
3 - Graças especiais concedidas pelo Espírito Santo a cada cristão para o bem dos outros irmãos em Cristo.

Fonte Dicionário Michaelis e Priberam


sábado, 9 de fevereiro de 2008

LUZES DA RIBALTA - LIMELIGHT


Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam nada mais
É sonhar em vão, tentar ao outro iludir
Se o que se foi, prá nos não voltará jamais
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
renascerá em outros corações.
(Composição: Charles Chaplin/ Versão: Antonio Almeida e João de Barro)

http://www.youtube.com/watch?v=ie8elzPavog

***** Cenas do filme Limelight (Luzes da Ribalta) original. Dialógo entre os personagens Calvero (Charles Chaplin) e Terry (Claire Bloom).

http://www.youtube.com/watch?v=itfmN07pmE8

***** Limelight Música Tema do filme com Frank Chacksfield e sua Orchestra

TALVEZ


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


Pablo Neruda

Ainda que mal

Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.

Carlos Drummond de Andrade

Somos convidados a deixar um registro positivo na vida de alguém...


A linguagem humana está distante daquilo que queremos dizer quando queremos falar de Deus. Coisas que vivemos, que experimentamos, se quisermos colocar em palavras, nós acabamos banalizando o que experimentamos do coração de Deus.

Por mais que eu queira dizer, queira contar a você, acabo não conseguindo. Por isso fazemos música, para tentar aproximar o que sentimos.

Vem Senhor Jesus, porque esperar por ti não é esperar de braços cruzados, mas é reconhecer que mesmo sendo uma miséria, Deus pode me reconstruir. Sei que tu podes fazer de mim uma referência para outros.

Se soubesses o que hoje te tiraria a paz, retiraria essa cerca de arames que te envolve, para nascer hoje, para uma vida nova. Não desperdices a oportunidade de ser uma cidade nova. Não posso cair na apatia. Preciso cumprir com a parte que me cabe. Se soubesses o quanto te amo, não viverias na prostituição, não serias um terreno abandonado.

Ver minha mãe, já com cabelos brancos, parada no portão, esperando seu filho que chegava. Isso me fez sentir amado realmente. Você que é mãe sabe; quantas vezes você já esperou por seu filho. Eu sabia que lá estaria o bolo que mais gosto, no jantar estaria pronto meu prato preferido, que no banheiro estaria o sabonete que eu gostava. Percebi que essa é a espera cristã. Que não para, mas que é uma espera ativa que se espera fazendo.

Quantas vezes seu coração já identificou sentimentos como: "Fui deixado de lado! Fui esquecido!" O mundo não nos espera, ele nos deixa para trás.

As pessoas podem ser recuperadas em Bethânia, porque lá elas podem ser o que melhor são e também o que pior são. Sentem-se livres porque são verdadeiramente amadas.

Você pode definir quem são seus verdadeiros amigos assim. Quais são as pessoas que você não tem medo de mostra-se como você é, de mostrar suas fraquezas, suas misérias e também o que você tem de melhor? Esses são seus verdadeiros amigos.

Religião não tem a função de proibir, tem a função de mostrar o horário de voltar para casa. Não te proibi de ser feliz, mas quero te mostrar que você é um filho amado e tem horário para voltar para casa. A nós cabe acertar o relógio. Precisamos nos conversar, participar da missa diariamente se possível. Mesmo que você se sinta atrasado demais. Você precisa acertar o relógio.

Somos convidados a deixar um registro positivo na vida de alguém. Não podemos nos omitir em momento algum. O outro, são olhos que devo olhar sempre e dizer: "Você vale a pena!" Não podemos deixar de sinalizar para o outro que a vida vale a pena. Que porque Deus nos espera, o que Deus espera de mim, é que eu tenha um coração semelhante ao Dele. Embora o coração de Deus seja infinitamente superior ao de minha mãe, através dela, Ele me ensinou muitas coisas que Ele é através dela.

(Pe. Fábio de Melo, SCJ)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Coisas que a vida ensina :



Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados a terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovem.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças à cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas
para uma vida melhor.
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...


(Artur da Távola)
Texto enviado por e-mail pela amiga Priscila

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

SINTO VERGONHA DE MIM



Sinto vergonha de mim… por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdadee por ver este povo já chamado varonilenveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo ,a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posiçãode sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro !
***
” De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto “.
(Rui Barbosa)

ANTES DE TUDO O SER HUMANO




Não viva nesta terra
como um estranho
ou como um turista na natureza.

Viva neste mundo
como na casa do seu pai:
creia no trigo, na terra, no mar,
mas antes de tudo creia no ser humano.

Ame as nuvens, os carros, os livros,
Mas antes de tudo ame o ser humano.

Sinta a tristeza do ramo que seca,
do astro que se apaga,
do animal ferido que agoniza,
mas antes de tudo
sinta a tristeza e a dor do ser humano.

Que lhe dêem alegria
todos os bens da terra:
a sombra e a luz lhe dêem alegria,
as quatro estações lhe dêem alegria,
mas sobretudo, a mãos cheias,
lhe dê alegria o ser humano!


Nazim Hikmet, ultima carta ao filho. (Escritor e poeta turco nascido em Salonica, Grécia)
Mulher Ideal
Eu sou aquilo que sou, e se quiser me mudar
Você vai se arrepender, pois foi assim que gostou
Foi desse jeito que amou, além do bem e do mal
Sou a mulher ideal
Não adianta fugir, não adianta correr,
Me procurar por ai, você não vai encontrar
Melhor você se entregar, melhor você desistir
O seu lugar é aqui
As loucuras que eu fiz pra te satisfazer
Só pra te ver feliz, pra te dar mais prazer
Um banquete de amor que eu quis te oferecer
Sem vergonha e sem medo
Você não entendeu, você não deu valor
Você desmereceu, minha prova de amor
Mas, se alguém foi vulgar, esse alguém não fui eu
Teu desejo pediu, meu amor atendeu

De coração tão puro, eu mergulhei no escuro
E por mais que procure uma outra igual
Pra você serei sempre a mulher ideal
De coração tão puro, eu mergulhei no escuro
E me entreguei como nunca, jamais me entreguei
Só eu sei dos limites que ultrapassei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei

As loucuras que eu fiz pra te satisfazer
Só pra te ver feliz, pra te dar mais prazer
Um banquete de amor que eu quis te oferecer
Sem vergonha e sem medo
Você não entendeu, você não deu valor
Você desmereceu, minha prova de amor
Mas, se alguém foi vulgar, esse alguém não fui eu
Teu desejo pediu, meu amor atendeu

De coração tão puro, eu mergulhei no escuro
E por mais que procure uma outra igual
Pra você serei sempre a mulher ideal
De coração tão puro, eu mergulhei no escuro
E me entreguei como nunca, jamais me entreguei
Só eu sei dos limites que ultrapassei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei
De tanto que eu te amei

Composição: Michael Sullivan e Carlos Colla
Interpretação: Alcione

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sobre Política e Jardinagem


De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.

Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.

Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.

Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade... Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.

Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.

Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?

Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.

Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)

Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)


(Rubem Alves)



Imagem Jardins da Praia de Santos - SP - Maior Jardim do Brasil - (5.335 m de extensão e mais de 100 espécies diferentes de plantas e flores)

PAIXÃO



Na vaga escuridão do dia
Na pouca luz da noite
Lá estou eu, num recanto frio
Em que só as almas mais fortes penetram...
Entre o espinho e a rosa,
Entre a noite e o dia,
Entre a tristeza e a alegria...

Talvez me encontres num recanto
Sombrio da tua alma.
Talvez me busques
E eu já não esteja lá...

Posso ser o teu mais puro sonho
Ou o teu pior pesadelo...
Eu sou a Paixão...
Para muitos a liberdade,
Para outros a prisão...


(Dark Fairy - texto original do blog Versus & Diversus)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

EU, MODO DE USAR.

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir.

Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro.

Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.

Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.

Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.

Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.

Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta!

Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.

Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.

Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.

Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.

Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ...

Goste de música e de sexo, goste de um esporte não muito banal.

Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar ...

Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora.

Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.

Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas.

Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.

Me rapte!

Se nada disso funcionar ... experimente me amar!
(Martha Medeiros)

O EFEITO TERAPÊUTICO DA BIODANÇA SOBRE O ESTRESSE PSICOLÓGICO

1- O processo de homeostase.
O ser humano, por natureza, procura manter um equilíbrio de suas forças internas, com todos os órgãos, trabalhando em harmonia. Assim, quando tudo está bem, o coração pulsa com freqüência ideal e igualmente outros órgãos funcionam como “uma máquina calibrada” em perfeito equilíbrio biológico. O estado de equilíbrio dos vários sistemas do organismo entre si e do organismo como um todo e com o meio ambiente é chamado de homeostase.

Contudo, quando o equilíbrio for alterado por um agente estressor, ou seja, por qualquer situação que desperte uma emoção, boa ou má, isto constituirá numa fonte de estresse. Independente do fator que causou o estresse nosso corpo faz um esforço para adaptar à nova situação (Nahas, 2001). Se a reação for a favor, tem-se o estresse positivo (eustresse, com o grego elemento eu, “bom” mais estresse) e se desencadear um desequilíbrio no organismo ocorrerá o estresse negativo (diestresse do grego dys, por contraposição do elemento eu).

Para Hans Seley (1974), cada pessoa leva consigo uma capacidade de resistir ao estresse. A essa capacidade ele chamou de energia de adaptação e, segundo esse pesquisador, o indivíduo pode treinar seu organismo, de maneira a desenvolver tal energia, enfrentando melhor às situações de estresse. Mas cada um tem o seu limite e responde de forma peculiar a situações de estresse. As necessidades corporais variam de momento, conforme as influências e solicitações internas e externas. O que pode representar um grande problema para uns, pode ser gerenciado com tranqüilidade por outros. Reconhecer os primeiros sinais de tensão e então fazer algo a respeito pode significar uma importante diferença na qualidade de vida.

2. Efeitos fisiológicos do estresse psicológico
A estrutura e os conflitos intrapsíquicos, frutos de cada indivíduo, a personalidade e a sua história vida de cada um podem pode se constituir numa fonte de ameaças. Pode-se dizer que o estresse psicológico é possivelmente o estado emocional negativo resultante daquilo que as pessoas percebem que lhes ocasiona pressão emocional, e que excede, portanto, suas habilidades para enfrentá-lo.

Acredita-se que essa reação emocional dispara um conjunto de reações fisiológicas que suprimem as defesas naturais do corpo, tornando-o suscetível à produção de células anormais, devido a um desequilíbrio profundo mental, hormonal, orgânico e psicológico. Segundo a neurociência, os estados emocionais são acompanhados por reações das moléculas de emoção: os neurotransmissores e os hormônios. Assim, a nível fisiológico o estresse atua sobre a hipófise liberando o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), o qual tem uma ação sobre glândulas supra-renais (que ficam sobre os rins), fazendo com que elas aumentem a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol.
Numa situação de curto prazo, a adrenalina mobiliza a reação de lutar ou fugir, sendo que a taxa de glicose precisa ser elevada no sangue para que haja energia disponível durante este processo. O estresse se torna negativo quando não há tempo para recuperação do organismo, ou quando a pessoa reage de forma hostil às situações. Nos dois casos, quando a adrenalina não é suficiente o corpo precisa secretar cortisol.

A produção excessiva de cortisol prejudica um processamento da função cognitiva e também da criatividade, interferindo junto aos receptores que captam a memória, à medida que eles atravessam a sinapse. Em conseqüência as pessoas com uma produção excessiva de cortisol perdem a capacidade de assimilarem as informações. Adicionalmente, o aumento de cortisol leva a um aumento das necessidades nutricionais, podendo diminuir as quantidades de magnésio “um mineral calmante”. Assim, quanto mais vulnerável for o indivíduo ao estresse maior perda ocorrerá desse elemento. Por outro lado, o magnésio é a “contra partida” do cálcio, e esses dois minerais, normalmente, mantêm o equilíbrio um do outro. Outros nutrientes como vitaminas C e E, que ajudam a proteger o cérebro dos radicais livres, também são esgotados em situação de estresse.

Via cortisol, o estresse, acelera também o metabolismo de carboidratos e de um neuropeptídeo Y, que motiva o desejo de consumir carboidrato. Esse mecanismo é a razão pela qual muitas pessoas excedem ao comer doces e alimentos contendo amido quando estão estressadas.

3. Saúde e doença
Nós somos um sistema composto de diversas unidades que são, ao mesmo tempo, autônomas e integradas entre si, fazendo parte de um conjunto maior. Nenhum sistema é independente do outro. Pode-se dizer que saúde seria quando o corpo, a mente e os sentimentos se inter-relacionam harmoniosamente e em equilíbrio com o meio ambiente em um processo contínuo de vida.

Contrapondo ao conceito de saúde, doença significa a perda relativa da harmonia ou então da perturbação dessa harmonia, que se manifesta na consciência e no organismo humano, sendo este sempre visto como parte da natureza, estando sujeito às forças naturais. Para Nahas (2001) toda doença é resultado da interação do agente agressor (alguma causa psicológica ou física) e a resposta do organismo. Assim, uma doença não é só um fato físico, e sim, um problema que diz respeito à pessoa como um todo: corpo, emoções e mente. Para Capra (1988) a doença é vista como um sinal de falta de cuidado da parte do indivíduo.
4. O sistema biodança e sua aplicação em desequilíbrios emocionais.
Nos dias de hoje, as áreas do conhecimento estão se relacionadas com a corporalidade e com o movimento humano consciente, de forma a processar interligações de atividades motoras e mentais. Nossa cultura valoriza demais o racional, estimulando muito os resultados analíticos como a capacidade de lógica, o pensamento, a palavra, de forma a gerar uma dissociação entre as capacidades perceptivas, a motricidade, a afetividade e as funções.

Costuma ser desafiante a tarefa de sugerir medidas gerais, de cunho psicossocial, que objetivem ampliar o nível de conscientização do indivíduo sobre seu modo de viver, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de metas reais alcançáveis, de tal modo que possa fazer uma coisa de cada vez, melhorando à percepção de que certos hábitos de vida que deterioram a saúde. Contudo é de responsabilidade de cada um cuidar do seu corpo, (respeitando as normas sociais e vivendo de acordo com as leis do Universo). Isto significa que quanto mais o indivíduo procurar estilos saudáveis e prazerosos, mais isso se refletirá em sua vida de forma positiva, diminuindo o risco de doenças.

Nessa perspectiva, considera-se que há múltiplas formas de buscar essa harmonização, como tai-chi-chuan, meditação, orações, ioga, psicoterapia, reiki, exercícios físicos e outras formas como a prática de hábitos alimentares adequados, na prática de exercícios físicos. Contudo, um dos mecanismos eficazes de conseguir essa harmonia é por meio da biodança, onde se trabalha com parte que ainda permanece sã do indivíduo. A função terapêutica da biodança consiste num conjunto organizado, no qual cada uma das partes é inseparável da função da totalidade, sendo também um sistema holístico de trabalho com o ser humano, onde o indivíduo entra em contato com seus próprios recursos de auto-regulação e a cura vem de motivações internas carregadas de emoção.

Nesta abordagem multidimensional os problemas emocionais não são isolados do contexto mais amplo de sua vida. Reconhece-se que o organismo está em constante interação com seu ambiente natural e social. A concepção de saúde passaria por um processo de equilíbrio dinâmico, onde o organismo humano interage com o meio ambiente de forma natural e dinâmica.

Na biodança acredita-se que por meio das lentes da afetividade do mundo intrapsíquico a pessoa poderá valorizar de forma menos traumática os conflitos íntimos, suas frustrações e sentimentos de perdas. O indivíduo poderá ser conduzido de forma a se sentir amado e valorizado, cuidado e protegido e membro de uma rede de interações e comunicações que funcione de maneira franca e precisa. As cerimônias de encontro despertam a sensibilidade elevando qualidade da saúde, para desenvolver potenciais herdados geneticamente e restabelecer o vínculo afetivo nós mesmos, com o próximo e com a natureza.

Por outro lado, com a troca de calor e afeto, e ao som da música o corpo passa por uma dança de hormônios (substâncias produzidas por glândulas de secreção externa) e de neurotransmissores, de forma que o centro regulador límbico-hipotalâmico (centro das emoções e instintos) pode gerar entre outras coisas a resistência ao estresse e um melhor funcionamento dos órgãos internos.

Por meio dos movimentos e músicas vigorosas a noradrelina e dopamina (neurotransmissores) podem ter sua produção estimulada provocando uma reação adrenérgica no organismo, proporcionando energia e disposição. Carinhosamente podemos chamá-los de mensageiros da alegria. Porém durante os movimentos lentos e suaves, o parasssimpático é estimulado havendo maior produção de acetilcolina e a seratonina (outros neurotransmissores), levando o indivíduo a tranqüilidade. Por outro lado, os níveis de cortisol (hormônio) despencam, contagiando o cérebro e cada célula do organismo com uma sensação de conforto e felicidade.

Assim, por meio dos vários ritmos, as várias partes do cérebro “dialogam” pulsando e regulando e as pessoas vão se soltando e melhorando sua qualidade de vida, a qualidade das suas relações. Há um desbloqueio das energias estagnadas, aliviando as tensões musculares, diminuindo o estresse do dia-a-dia. Trabalhos realizados por Tadros (1994) e Cantos (2005) comprovam os benefícios da biodança contra a depressão e diestresse (estresse negativo), respectivamente. Há um abrandamento dos ritmos cardíacos e respiratórios e a tensão arterial diminui – quadro ideal para evitar doenças cardiovasculares e viver plenamente por muitos e muitos anos.

Considera-se ainda que quando a pessoa é tocada a quantidade de hemoglobina no sangue aumenta significativamente. A hemoglobina é à parte do sangue que leva o suprimento vital de oxigênio para todos os órgãos do corpo, incluindo coração e cérebro. O aumento da hemoglobina ativa todo o corpo, auxilia a prevenir doenças e acelera a recuperação do organismo, no caso de alguma enfermidade.

Diga-se que na biodança o movimento é integrado, isto é, há uma união coerente entre sentimento, pensamento e ação e essa integração é importante para que haja o equilíbrio. Por meio da dança, da música e de movimentos específicos o indivíduo pode entrar em contato consigo mesmo, integrando o psíquico e o somático, de forma a interferir positivamente no seu pensar sentir e agir. E as danças são concebidas para induzir novas formas comunicação, estimulando expressão identidade, realizando uma reeducação afetiva, integrando a unidade orgânica e induzindo processos de expansão da consciência. O processo de indução de vivências integradoras promove o encontro e a experiência humana com os próprios genéticos, provocando mudanças no sentir, pensar e agir das pessoas que participam. Esse processo de renovação, por meio da vivência, (re) conduz o participante ao papel de principal personagem da sua própria vida, fortalecendo sua identidade, ao mesmo tempo em que desenvolve sua vinculação com a espécie. Somos todos iguais, nas emoções, nos desejos, na alegria e no sofrimento.

E a conquista do bem estar dependerá das sementes plantadas por cada um. Na maioria das vezes as pessoas têm liberdade de escolha, e pode definir os rumos de sua vida. Mas como se pode conseguir isso? Uma forma é poder olhar para os seus próprios sentimentos e perguntar, com sinceridade, o que está causando este problema interior. É muitas vezes reconhecer as próprias limitações, reconhecendo e aceitando a si mesmo. E depois é buscar alternativas que possa mobilizar para encontro da serenidade, começando a procurar por aquilo que melhor, experimentar alguns dos prazeres mais sutis da vida.

Somente com a mente aberta para essa possibilidade, é que será possível transformar situações desagradáveis em grandes descobertas. E os erros poderão transformar-se em uma fonte de aprendizado e de compreensão com as imperfeições alheias.


(Geny Aparecida Cantos; Rodrigo Schütz)
Texto recebido por e-mail da amiga Célia

Hedonismo


[Do gr. hedoné, 'prazer', + -ismo.]

S. m. (Ética) Doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral.


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Li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável.
Uma idéia carioquíssima: a exaltação do desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão ao cinema, a boates, a restaurantes, ao trabalho e parecem eternamente insatisfeitas.
Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte frase:
"Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado, mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar do jardim, ouvir um disco, namorar, bater papo...
Lazer é tudo o que não é dever. É uma desopilação. Automaticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só redefinir o que é prazer. O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio.
O prazer é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona com o mundo. Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso tudo.
Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive pelos sentimentos, passando rápido demais pelas experiências amorosas, entre elas o casamento.
Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento, que exigem uma apreensão veloz do universo.
Calma!
O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo.
Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer.
Não está em faturar um garoto(a), mas no encontro das almas.
Está em tudo o que fazemos sem estar "atendendo a pedidos".
Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais na contramão.
O prazer está em sentir.
Uma obviedade que merece ser resgatada. Antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando o agradável pra lá.


(texto recebido por e-mail do amigo Humberto)

REFLEXÃO SOBRE A ARTE DE OUVIR


Um dos maiores problemas da comunicação, tanto a de massas como a interpessoal, é de como o receptor, ou seja, o outro ouve o que o emissor, ou seja, a pessoa falou.
Numa mesma cena de telenovela, notícia de telejornal ou numa simples discussão, observe que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento.
Na conversação dá-se o mesmo. Raras, raríssimas são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo.


Observe que:

1) Em geral, o receptor não ouve o que o outro falou: ele ouve o que o outro não está dizendo

2) O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que quer ouvir.

3) Ele ouve o que já escutou antes e coloca o que o outro está falando naquilo que se acostumou a ouvir.

4) Ele ouve o que imagina que o outro ia falar.

5) Numa discussão, em geral, os discutidores não ouvem o que o outro está falando. Eles ouvem quase que só o que estão pensando para dizer em seguida.

6 Ele ouve o que gostaria ou de ouvir ou que o outro dissesse.

7) A pessoa não ouve o que a outra fala. Ela apenas ouve o que está sentindo.

8) Ela ouve o que já pensava a respeito daquilo que a outra está falando.

9) Ela retira da fala da outra apenas as partes que tenham a ver com ela e a emocionem, agradem ou desagradem.

10) A pessoa não ouve o que a outra está falando. Ouve o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Vale dizer, ela transforma o que a outra está falando em objeto de concordância ou discordância.

11) A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia pela outra.

12) A pessoa não ouve o que a outra fala: ouve da fala dela apenas aqueles pontos que possam fazer sentido para as idéias e pontos de vista que no momento a estejam influenciando ou tocando mais diretamente.

Esses doze pontos mostram como é raro e difícil conversar. Como é raro e difícil se comunicar. O que há, em geral são monólogos simultâneos, paralelos. O próprio diálogo pode haver sem que, necessariamente, haja comunicação. Pode haver até um conhecimento a dois, sem que, necessariamente, haja comunicação. Esta (a comunicação) só se dá quando ambos os pólos ouvem-se, não apenas no sentido material de “escutar”, mas também no sentido de procurar compreender em sua extensão e profundidade o que o outro está dizendo.
Ouvir, portanto, é muito raro. É necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia.
Ouvir implica uma entrega ao outro, uma diluição nele. Daí a dificuldade de as pessoas inteligentes efetivamente ouvirem. A sua inteligência em funcionamento constante, o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interfer e como um ruído na plena recepção daquilo que o outro está falando.
Não é só a inteligência a atrapalhar a plena audiência. Outros elementos perturbam o ato de ouvir. Um deles é o mecanismo da defesa. Há pessoas que se defendem de ouvir o que as outras estão dizendo por verdadeiro pavor inconsciente de se perderem a si mesmas. Elas precisam “não ouvir” porque “não ouvindo” livram-se da retificação dos próprios pontos de vista, da aceitação de realidades diferentes das próprias. Livram-se do novo que é saúde, mas que as apavora. Não ouvir é, pois, sólido mecanismo de defesa.

Ouvir é um grande desafio. Desafio de abertura interior, de impulso na direção do próximo, de comunhão com ele, de aceitação dele como é e como pensa.

Ouvir é proeza, ouvir é raridade. Ouvir é ato de sabedoria.

Depois que a pessoa aprende a ouvir, ela passa a fazer descobertas incríveis, escondidas ou patentes em tudo àquilo que os outros estão dizendo.


(Artur da Távola)

O CEGO E O PUBLICITÁRIO

Dizem que havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia:
"Por favor, ajude-me, sou cego".

Um publicitário, da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença,pegou o cartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu outro anúncio.

Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.

Pela tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas.
O cego reconheceu as pisadas e o perfume e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali.

O publicitário respondeu:
Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras". Sorriu e continuou seu caminho. O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia: "Hoje é Primavera em Paris, e eu não posso vê-la".

Mudar a estratégia quando nada nos acontece pode trazer novas perspectivas
e quem sabe, sucesso!