segunda-feira, 24 de março de 2008

PÉTALAS DE AMOR

Amo-te numa folha inteira de papel. Que fazer das palavras que restam nos meus dedos? Talvez as devolva, um dia, quem sabe, à tua pele. Agora eu amo-te. Sei que não virás. Mas gosto de pensar o teu sorriso claro, a frescura do teu rosto, o brilho silencioso dos teus olhos. Esse rosto que me enche o peito de palavras renovadas. E escrevo. Súbita e descuidada, torres de palavras. As palavras com que te amo. Palavras de todas as cores. Palavras doces e amargas, duras e profundas. Palavras quentes, macias. Palavras ao acaso, frias, sem disfarce. Ao sabor da hora. À beira do ciúme. Ao lado da saudade. A transbordar de ternura. Mas também te amo com as mãos. As mesmas com que te disse Adeus. Estas mãos mansas de sede, e doidas, soltas, vadias. Mãos que escondem, prometem, recusam. Mãos que se fecham à porta dos teus dias. Mãos que te dou fechadas, vazias. São estas as mãos que te amam. Estão de costas para o mar. Porque foi o mar que te levou. Às vezes, elas entram pela janela e dizem: AMO-TE! Mas eu deito-as ao vento. Ao nó dos segredos onde anoitece. Onde o tempo começa a contar. E eu fico com as minhas mãos verdadeiras cheia de flores por dentro. Penso nos beijos. Também te amo com beijos. Intensos e molhados. Como os meus olhos. Sim. Também te amo com os olhos. Amo-te com beijos e olhos. Às vezes verdes como o mar, outras, azuis como o céu. Por isso o meu amor é como o mar. Manso e revolto. Fiel e traiçoeiro. Salgado e frio. Mas também é quente e doce e infinito. Porque o Sol está aceso e apaixonado. É bom amar-te com beijos e olhos. Palavras e mãos. Mas os olhos... estes meus olhos onde os pássaros desbravam o céu e as estrelas adormecem a manhã. É com estes olhos que eu te amo. Que eu penso em ti. Que eu chamo e choro por ti. Os meus olhos têm lagos e rios. Mares e oceanos. E sabem o segredo das marés. Amo-te com beijos e relâmpagos. E corais, e búzios e conchas e areias e algas. Amo o teu nome porque te chamo mar. Amo-te porque escorres sal no meu peito e constróis castelos de areia no meu ventre e enfeitas os meus cabelos com grãos de areia onde bate o Sol. Amo-te e respiro-te na praia do meu corpo. Quente. Inteiro. Secreto. Intenso. E guardo o teu sabor. Guardo o teu cheiro. Dentro da minha pele. Não sei onde eu começo e tu acabas. Em cada esquina de mim está o teu rastro. Um beijo solto no meu céu de boca. A tua mão molhada encostada ao meu peito. Deixaste marcas e vícios. Sinais por onde o tempo não passa. Amo-te simplesmente. E demoro-me neste amor que te dou. Gota de água. Semente de linho. Trigo em flor. Papoila. Girassol. São estas as pequenas palavras com que te amo. Gasto-as todos os dias a amar-te. E todos os dias elas renascem porque te amo. Tu e as palavras enchem de pétalas os meus dias. E eu desfolho-as uma a uma docemente. Adivinho os teus beijos em cada uma delas. O meu amor é mágico. Acende-se no lume das minhas palavras. O teu amor queima com cinco pontas de lume. Amo-te em fogo e são de chama os nomes que te chamo. Por isso adormeço em ti quando tenho frio. E sonho. Se eu fosse dona do tempo mandava-o parar quando sonho contigo. Ou quando te amo. Como agora. Porque nada mais faz sentido depois de ti.

Amo-te com a Alma. É com a minha Alma que te amo mais.

Encontro-te dentro de mim. Sempre.

Porque o teu amor conhece o lugar do meu silêncio.

Amo-te!



Texto retirado do blog petalasdocoracao.spaces.live.com

Nenhum comentário: