sábado, 12 de setembro de 2009


Nasci como quem não podia, não devia ou não estaria.
Rompi todos invólucros e me libertei.
Sou mulher e posso ser rocha, metal, seda,
ternura, ou ira, depende do momento.
Sou reverso, estou nas trevas quando me convém,
mas posso brilhar nesta escuridão.
Não me castro, sempre me dispo de seitas que me ofuscam,
tenho luz própria e a nada me oponho.
Sou gozos quando oportunos me são,
sinais normais escorrem de mim, só meus.
Posso ser instinto, ninfa perfeita, feiticeira,
prostituta, mãe, amiga, namorada, menina,
mas essencialmente mulher, pele, cabelos, boca, seios,
clitóris, libido, prazeres que não divido.
Posso me dar inteira,
insaciável e percorrer anatomias que não sejam minhas,
fazer escravos, ser abelha rainha.
Não, não me façam deusa, nem costela de adão,
minha maior magia é ser sempre e somente mulher.

Cida Souza

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