A extensão da ternura vai ser posta à prova no momento de uma separação ou quando se transforma o tácito acordo: “meus espaço, minha liberdade, minha vida, meu destino, meu desejo”, contrapõem-se como dois guerreiros de armadura e tudo, prontos para o embate. Com dor, com fervor, com afeto, com todo o espectro de sentimentos vários e ambíguos que nos constituem, estamos expostos, abertos, e frágeis.
Amar sem querer perder é para os santos, não é coisa para a gente, nós que nos preparamos tanto, nós que nos entregamos tanto, nós que tanto ardemos e cantamos e voamos e nos despimos do egoísmo e controlamos a impaciência, e fomos devotados... e aparentemente tudo começa a se esboroar.
Os desejos de um podem não combinar com os de outro: quem amamos não conseguiu sentir-se bem em nossa roupagem de rei e rainha, não entendeu que conosco seria um deus, ou simplesmente sentiu-se ameaçado pelo peso desse nosso amor.
A intransponível solidão retorna, já nos acena, velha amiga que talvez tenhamos de apreciar melhor. Vamos, mais uma vez, para o seu abraço – do qual realmente nunca saímos.
Abrimos a mão para que, bela ave-do-paraíso, a coisa amada saia a buscar sua maior felicidade ou seu contentamento. Isso dói, mas ode ser feito com verdade. Protestamos, choramos, mas a gente consegue. Um pedaço de mim se vai com quem se fundira comigo e agora quer-se desprender: eu erro, me atrapalho, reclamo, mas, se quero o bem do outro, acabo cedendo e, para fazer honra a esse amor, me recomponho, e recomeço, inteira.
Lya Luft
Amar sem querer perder é para os santos, não é coisa para a gente, nós que nos preparamos tanto, nós que nos entregamos tanto, nós que tanto ardemos e cantamos e voamos e nos despimos do egoísmo e controlamos a impaciência, e fomos devotados... e aparentemente tudo começa a se esboroar.
Os desejos de um podem não combinar com os de outro: quem amamos não conseguiu sentir-se bem em nossa roupagem de rei e rainha, não entendeu que conosco seria um deus, ou simplesmente sentiu-se ameaçado pelo peso desse nosso amor.
A intransponível solidão retorna, já nos acena, velha amiga que talvez tenhamos de apreciar melhor. Vamos, mais uma vez, para o seu abraço – do qual realmente nunca saímos.
Abrimos a mão para que, bela ave-do-paraíso, a coisa amada saia a buscar sua maior felicidade ou seu contentamento. Isso dói, mas ode ser feito com verdade. Protestamos, choramos, mas a gente consegue. Um pedaço de mim se vai com quem se fundira comigo e agora quer-se desprender: eu erro, me atrapalho, reclamo, mas, se quero o bem do outro, acabo cedendo e, para fazer honra a esse amor, me recomponho, e recomeço, inteira.
Lya Luft
Foto Henry B - wordsimages.blogspot.com/2005/10/ternura.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário